segunda-feira, 1 de junho de 2009

A dor que geramos no meio do prazer.

Um dos sinais de que algo está errado em uma relação é o momento em que culpamos o outro pela nossa infelicidade. Sofremos, choramos e ainda culpamos o outro que está ao nosso lado, como se ele fosse, de fato, responsável por nossa dor, por tudo aquilo que não vai bem em nossa vida. Por vincularmos nosso desconforto a nosso parceiro, ao fugir de um lentamente nos afastamos do outro.

Após o fim, temos a sensação de que começamos certo, mas em algum momento saímos dos trilhos. E então buscamos outra relação, começamos do mesmo modo e nos esforçamos para não mais sair dos trilhos. Nunca suspeitamos de que o grande equívoco talvez resida no próprio começo.

Ora, se no fim culpamos o outro pelo nosso sofrimento, no início o responsabilizamos igualmente pela nossa felicidade. "Culpamos" o outro pelo nosso prazer porque sentimos nitidamente que o outro – com seus gestos, sua vida, seu amor – é a causa de nossas sensações e emoções mais deliciosas. Ao fim, ele causará sensações e emoções um pouco diferentes…

A mesma estrutura negativa que vai nos dinamitar já está presente quando nos sentimos confortáveis e radiantes. O prazer nos arrebata com a mesma força e do mesmo jeito que a dor. Em nenhum momento saímos dos trilhos: sempre estivemos fora, já começamos errado.

A pergunta inevitável é: "Se a essência da paixão, do enamoramento, é a conexão entre nosso prazer e a existência do outro, como nos desvencilharmos desse vínculo sem perder nem uma gota de paixão?". Ou seja, existiria uma paixão autônoma? Não seria isso uma contradição, já que "paixão" significa passividade e assujeitamento, justamente o oposto de ação e liberdade?

Para mim, essa não é uma questão teórica. Ela é viva, é presente. Dia a dia eu não preciso sequer pensar nela. É uma contração que surge nos meus ossos toda vez que vejo um homem pelo qual eu poderia me apaixonar. E a resposta está surgindo assim também, lado a lado com hemácias e leucócitos…

Fonte: Um Blog - http://nao2nao1.com.br/

Um grande beijo para todos.

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